O Desespero do Estudante

A minha turma este ano, são apenas homens. Homens por todo o lado. Mais homens que na Marinha. Ou numa caravela da século XVI. Mais homens que nos vários bares Gays de São Francisco. Mais homens do que na casa de banho dos Homens. Eu podia continuar, mas seria redundante para o que eu quero comunicar aqui: Tenho uma turma de 20 pessoas e são todos rapazes.

É claro, Poderíamos argumentar, que uma turma homogénea em termos de sexo pode trazer vantagens. Suponho que se houvesse um incêndio, poderíamos apontar e apagar o fogo.

E poderíamos também dizer que podemos coçar-nos em qualquer lado sem temer o estigma social de coçar as partes que não devem ser mostradas em público.

No entanto, não é bom. As raparigas são uma espécie de "inibidor de comportamento" em aula. É por isso que com uma turma normal heterogénea há poucos problemas de comportamento. O mesmo não se pode aplicar aqui.

Não passa um dia que não seja obrigado a sentir fortes odores corporais e exclamações sobre quem comeu a mão de quem, adicionado ao medo constante de apertar mãos que não passaram por água.

O outro problema é que turmas heterogéneas normalmente tem a possibilidade de se espalhar por dois balneários. Nós obtemos um ou dois balneários 10 X 10 entre nós (e 4 metros são perdidos com os bancos) com 3 chuveiros. Cada período pós Educação Física é uma epopeia, na cruzada épica de tentar tomar banho sem se roçar em cu alheio.

O que será do futuro desde grupo de jovens dos 16 aos 18 num lugar assim? Num ambiente de testosterona somos compelidos pelos nossos instintos naturais a lutar entre nós pelo que seja. Sem os decotes arrojados, sem a visão de um cabelo em cascata seremos em breve monstros sem tacto sem nenhum talento senão andar às turras por motivos descabidos. Raios, nem seremos capaz de topar um vestido mais provocador, com óculos de sol postos, sem sermos apanhados. A única vantagem será que com a testosterona ao rubro iremos, quiçá, obter uma maior quantidade de pêlo no peito. Mas serão estes pêlos representantes da masculinidade, compensação pela nossa transformação em brutos? Talvez sim, talvez não. Caminhamos todos para a morte de qualquer maneira.